Se você joga, assiste ou acompanha notícias de poker, com certeza já deve ter visto o nome Eduardo Dantas. Dono da conta “eduardodantas95” no PokerStars e do nick “Duduehnutzz” no GGPoker, Eduardo é profissional há 3 anos e já coleciona bons resultados em sua breve carreira, que é muito guiada com a fé numa rotina bastante determinada. Mas como ele chegou lá?

Antes de começar a falar sobre poker, precisamos conhecer a vida e os bastidores que levaram o jogador ao ponto em que se encontra hoje. Com 25 anos, ele mora no bairro Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro, mas já adquiriu experiência de vida em outras partes do mundo. Foi quando estava em um intercâmbio na Europa, perto de voltar ao Brasil, que Eduardo teve primeiro contato com o poker.

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“Conheci o poker através da minha família, meus pais brincavam com meus tios. Eu estava em intercâmbio na Irlanda e conversando com meu pai, ali pelo final de 2016, ele falou que estava jogando e pediu pra eu aprender, pra que quando chegasse pudesse jogar também”, conta. Mal sabiam os pais, naquele momento, o quanto isso mudaria a vida do filho.

Depois de ter largado a faculdade de Direito pela metade e ido ao intercâmbio para a Irlanda, Eduardo ainda não tinha na cabeça o que faria da vida com certeza. Ao pesquisar sobre o jogo na internet, por meio de vídeos no Youtube principalmente, entretanto, o jovem havia encontrado algo que mexeu com ele: “amor à primeira vista”, definiu.

Mesmo com a paixão descoberta, o poker não assumiu de imediato o protagonismo em sua vida. Já de volta ao Rio de Janeiro, ele foi jogando com seus familiares e ou a ganhar frequentemente, fazendo com que se interessasse ainda mais em aprender e descobrisse sobre os times de poker. Ainda assim, o “eduardodantas95” decidiu se matricular em outra faculdade, dessa vez de Relações Internacionais.

Mas o conhecimento sobre os times de poker haviam mais uma vez mexido com ele. Ele decidiu se inscrever para alguns, mas só obteve resposta da Insight Poker Team. Depois de uma entrevista, foi aceito, lá pela metade de 2018, para jogar a grade inicial, com sit e gos e torneios baratos. Essa foi a entrada definitiva para um mundo até então desconhecido.

Naquela época, a rotina do “Duduehnutzz” era bem diferente da que tem hoje em dia. Ele se dividia com a rotina do time e as aulas da faculdade, não sobrando muito espaço para outras coisas. Com seis meses, ele viu que teria que deixar o “caminho tradicional” de lado para poder se dedicar a sua verdadeira paixão: “não teria como alcançar o topo se eu não me dedicasse o máximo possível e foi nesse momento, quando decidi por isso, que acredito que virei profissional”, lembra.

Rotina, inclusive, é um dos lemas do jogador. Eduardo deixa uma reflexão sobre isso:

“Acho que quando você está comprometido e quer chegar nos níveis mais altos dentro do jogo, um grau de disciplina alto é fundamental. A gente sabe como é difícil escalar os limites e sem disciplina, rotina, fica muito mais difícil. Me cobro muito quanto a isso, até sendo meio inflexível”.

Já decidido em se dedicar exclusivamente ao poker, o jogador conheceu uma nova atividade que revolucionou sua vida. Em agosto de 2019, Eduardo começou a praticar CrossFit, hábito que mantém até os dias de hoje e que o ajuda a desempenhar melhor nas mesas. Ele treina diariamente e considera isso bem importante. O profissional mudou sua cabeça com o ar do tempo e hoje tem o dia-a-dia quase todo voltado ao poker.

“Eu gosto bastante de como faço as coisas hoje: acordo bem cedo, leio alguma coisa, uma hora de estudo. Depois vou pro CrossFit cuidar do corpo e estudo mais uma hora na volta, antes de começar a grindar por volta do meio dia. Depois do grind, vejo um filme pra relaxar se der tempo ou senão já vou dormir direto, pra repetir tudo no dia seguinte. É quase um ritual”, conta o jogador.

O carioca conta que mesmo nos dias em que não está jogando repete sua rotina: “Mesmo nos dias de folga o período matinal segue o mesmo, porque é algo que eu gosto de fazer. Mas nas folgas eu procuro me desligar ao máximo, fico próximos dos meus amigos de fora do poker. Desligar um pouco é fundamental, mas é uma situação que eu preciso melhorar ainda”.

A mudança para o profissionalismo, mesmo sendo o próprio pai que lhe apresentou o jogo, também não teve apoio no início. Mas Eduardo estava firme na decisão e seguiu o caminho. Quando os primeiros resultados apareceram, ele foi mostrar os gráficos para os pais. Mas ele usou uma velha tática infalível para tal: “consegui convencer com resultados, mostrei meu gráfico (em reais, claro) e eles suavizaram, apoiando desde então”, contou de bom humor.

Mas toda a preparação de nada adiantaria se o jogador também não tivesse um grande conhecimento técnico. Nesse ponto, ele reconhece todo o mérito da Insight: “foi quem deu a oportunidade de me inserir e conhecer o mundo do poker. Eles deram e todo o tempo e foram fundamentais para o meu crescimento. Já são três anos de parceria, sem nunca terem duvidado de mim nos momentos ruins, porque sabiam que eu estava trabalhando corretamente”, comenta.

O time também traz boa lembrança ao jogador com relação aos torneios lives, modalidade que gosta e espera poder jogar mais em breve: “o mais marcante que joguei foi um KSOP em 2019. Fui com a Insight, num grupo até grande, em Balneário Camboriú e ficamos hospedados todos juntos em uma casa. Esse fato de conhecer a galera que conversava todos os dias só por áudio marcou bastante”.

Com todas as bases ajustadas, o carioca conseguiu escalar os limites e logo deslanchou. No ano ado, o jogador conquistou diversos prêmios significativos, mas guardou um mês com bastante carinho. Em setembro, o profissional atingiu seu maior hit ao levar a medalha de bronze no evento 39-M do WCOOP, ganhando US$ 48.545. Mas também teve mais resultados.

“O WCOOP foi o principal resultado, mas o mês todo de setembro foi muito especial. Foram dois resultados no WCOOP e também na Galactic Series, em um momento que eu tava em uma leve downswing. Foi a afirmação do trabalho, que dá uma confiança alta para continuar fazendo o que está sendo feito. Até aquele momento eu não tinha feito FTs dessa dimensão, com jogadores mais capacitados que eu, mas me apeguei ao meu dia-a-dia e encarei de cabeça erguida, disfrutando do momento”, descreveu.

Já nesse ano, Eduardo fez mais uma mesa final valiosa, dessa vez no Global MILLION$ do GGPoker. As coisas não andaram muito bem e ele terminou em sexto, recebendo US$ 26.728. “Eu tava novamente numa downswing depois dos resultados acima, então tentei não criar muita expectativa e fui usando a mesma estratégia, acreditando na rotina de trabalho. Eu entrei como sétimo ou oitavo, isso ajudou a não deslumbrar. Mesmo em sexto, me tirou da downswing e confirmou novamente que estava no caminho certo”, contou, contente com a performance.

O profissional ainda aponta que a experiência que teve na Europa o fez crescer como pessoa: “morar longe dos meus pais me fez criar mais responsabilidade. O intercâmbio foi de bom ensinamento, aprendi muita coisa, conheci países e pessoas do mundo inteiro e isso é bastante engrandecedor”. E também conta mais sobre alguns sonhos, disputando alguns torneios ao vivo: “penso em jogar a WSOP Las Vegas e o EPT Barcelona, que é uma cidade sensacional de se estar e viajar pra jogar poker nela deve ser uma grande sensação”.

Feliz com o momento atual, o jogador revela seus planos para o futuro: “quero continuar nessa pegada, fiel à rotina e deixar as coisas acontecerem. Continuar evoluindo, escalando e batendo os limites. Não tenho meta financeira, mas sim uma meta técnica para enfrentar os melhores de igual pra igual. Quero jogar os mais caros, mas não pelo dinheiro. Quero enfrentar os melhores”, diz, mostrando uma ambição consciente e determinada.

Confiante no seu modo de viver e com sua rotina, o carioca não esquece de agradecer os responsáveis: “o primeiro agradecimento vai para os meus pais, que depois de entenderem deram todo o e. Eles me apoiam até hoje e isso me permite que eu foque somente no meu jogo. E tem dado certo, né? E lembrar também da Insight, que sempre me ajudou, confiou em mim e sempre me deixou atento à realidade, sem deslumbramentos. Espero que possamos continuar evoluindo juntos”, finaliza.

O flamenguista apaixonado espera em breve poder voltar a fazer atividades corriqueiras do dia-a-dia com tranquilidade, como pedalar nas praias cariocas. Enquanto a situação não volta ao normal, ele se mantém apegado à rotina, ao CrossFit e, claro, ao poker. Com o foco irável do jogador, é bastante provável que todos vejamos seu nome mais e mais vezes daqui pra frente.

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Profissional desde 2019, jogador tem base solidificada e chama a atenção nas mesas